Diário CT: O Estigma do Feiticeiro Negro

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 08-03-2013

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Uma aventura fantástica repleta de magia. Assim creio que eu posso tenar definir O Estigma do Feiticeiro Negro, livro dos escritores Melaine Evarino e Miguel Carqueija, publicado pela Editora Ornitorrinco. A obra tem 300 páginas e é dividida em uma introdução, 26 capítulos e um epílogo.

A trama gira em torno de Gislaine, uma elfa que possui um dragão chamado Morte. Após o roubo equivocado de seu companheiro animal, ela acaba conhecendo um anão, um cavaleiro e um zumbi.

Na missão de fazer o bem prevalecer, eles se juntam para combater o mal, conhecendo novos seres e descobrindo um pouco sobre o passado de cada um durante a jornada.

A aventura é envolta de mistérios, buscas, viagens, segredos e revelações, e ainda com profecia, sacrifício, sequestro e batalha. Alguns objetos bem curiosos e interessantes aparecem ao longo do enredo, como o Espelho da Verdade e uma Bola de Cristal que cura.

Há muitos personagens na história, que variam entre humanos, com principes e princesas, nisei, ninjas, alquimistas, magos, índios e anões, e criaturas mágicas, como hobbits, bruxos, zumbis, globins, orcs, esqueletos, centauros, piratas, ciclopes, kobolds, ogros e duendes, alguns com papel mais ativos - e muito bem caracterizados -, e outros mais como coadjuvantes.

A diagramação é simples, com efeitos no início de cada novo capítulo. A narrativa, que mistura aventura com humor e suspense, possui muitas palavras incomuns e um tanto complexas para um livro classificado como infanto-juvenil. As ilustrações internas do volume são as mesmas da capa, apenas divididas pelos personagens, que são os protagonistas da trama.

Com uma boa dose de originalidade, cercada de detalhes e referências ao leitores mais atentos, os autores conseguem fazer de uma história que teria tudo para ser apenas mais uma aventura de mocinhos versus vilões em algo agradável e encantador. A fantasia em O Estigma do Feiticeiro Negro é natural, e a mescla de personagens diversifica o mundo paralelo onde as ações acontecem.

Diabólica e outras histórias

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 07-03-2013

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Em breve será lançado pela Editora Literata o livro Diabólica e outras histórias, de Ademir Pascale. Em breve conversa com o Blog CT, o autor conta que a obra é uma coletânea de contos seus que vem escrevendo desde 2008.

Ao total são 14 contos, sendo que a maioria é de terror, com ressalva de dois de ficção científica.

O autor ainda comenta que existe algo bem interessante em todas essas histórias, e afirma que foi sem querer, só percebeu a semelhança relendo as narrativas.

São personagens solitários e que vivem em péssimas condições. Ele diz: “Todos eles têm algo em comum: estão em busca de uma luz, mas nem todos conseguem o sucesso no final e muitas vezes vão parar no inferno“.

A previsão de publicação do livro de Ademir Pascale é para o 2º semestre de 2013.

Diário CT: Muncle Trogg

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 03-03-2013

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Fiquei muito encantado com o livro Muncle Trogg: o menor gigante do mundo desde o começo de sua leitura. A combinação de narrativa juvenil e ilustrações que se interagem ao longo da obra da autora inglesa Janet Foxley deixa a história ainda mais agradável e mágica do que poderia ser por si só.

O volume, publicado pela Editora Intrínseca e enviado ao blog como cortesia, tem 224 páginas e um enredo dividido em 22 capítulos curtos, com bastante diálogos, descrições e desenhos, tornando a leitura ágil e não cansativa.

O protagonista é o pequeno e corajoso gigante Muncle, de 10 anos, que mora com seus pais e irmãos. A família é pobre e o patriarca sustenta a todos com seu trabalho de caçador de dragões.

Misturando aventura com humor e drama com suspense, a narrativa mostra o personagem principal em busca de sua autodescoberta, em meio a preconceitos por ser diferente entre os que vivem no reino onde mora.

Perto dali habitam os “pequenotes”, que correspondem aos humanos de estatura normal. Estes são temidos e amaldiçoados pelos gigantes, que receiam que eles possuam magia e força maior do que podem imaginar. Porém Muncle acaba descobrindo mais do que qualquer outro de sua raça, tornando-se único e mais tarde recompensado por ajudar a salvar o seu reino.

A diagramação do livro lembra muito a da série Como Treinar o Seu Dragão, também publicado pela Editora Intrínseca. Com um enredo criativo e rico de mensagens positivas, a obra conquista o leitor com facilidade, porém deve-se ter em mente que é um livro juvenil, então não pode-se esperar muita complexidade na escrita ou mesmo nas reviravoltas que acontecem com os personagens.

Trata-se de uma fantasia rica em detalhes e ambientada em um mundo com muitas questões bem semelhantes com o nosso. E não é um texto totalmente previsível, como a maioria dos livros do gênero, pois ele surpreende em muitos momentos. O primeiro capítulo do segundo volume da série, publicado recentemente pela editora com o título de Muncle Trogg e o Burro Voador, se encontra ao final do exemplar.

Diário CT: Le Monde Bizarre

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 01-03-2013

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Imagine um circo com seus palhaços, mágicos, trapezistas… pessoas deformadas, gigantes, mulheres serpentes e demônios. Assim é Le Monde Bizarre - O Circo dos Horrores, antologia organizada por M. D. Amado e publicada pela Editora Estronho. A obra, com prefácio de Medo B, tem 208 páginas e reúne 14 contos envolvendo a trupe sob a direção de Monsieur Serge Tissot.

As narrativas, em sua maioria em 3ª pessoa, contam acontecimentos de dentro e fora do picadeiro, e apesar de se tratarem do mesmo circo em todas as histórias, ele é apresentado de maneiras diferentes.

Os enredos se passam em diversos lugares por onde a trupe viaja e exibe seu espetáculo, como Brasil, Irlanda, França, Inglaterra, Portugal, Polônia e Japão, sempre impressionando a todos.

Os protagonistas dos contos se dividem em espectadores e trabalhadores do grupo, que vivem pesadelos e cenas que, por vezes, chegam a revirar o estômago do leitor, envolvendo aberrações, sangue, mutilações e violência.

As tramas giram em torno de advertências quanto à chegada do circo nas cidades, um desfile de bizarrices, descrições de criaturas da trupe, a junção de novos participantes ao grupo, o sentimento das pessoas durante e após os espetáculos, o que acontece além das lonas coloridas, encontros e reencontros, e muito horror.

As histórias são envoltas de canibalismo, mitologia, carnificina, medicina, entre outros, sempre com muito suspense e terror. Os contos são criativos, os personagens são diversificados - crianças, mulheres, homens - e muitos há vários elementos motivadores interessantes, como vingança, descobertas, medos, mistérios, surpresas, segredos, crueldades, torturas e sarcasmos.

Os autores dos contos são: A. Z. Cordenonsi, Celly Borges, Duda Falcão, G. Araújo, João M. S. Rogaciano, Kássia Neves, Lucas Lourenço, M. D. Amado, Pedro de Almada, Rafael Sales, Rochett Tavares e Valentina Silva Ferreira, que se juntam com os escritores convidados Alexandre Heredia e Iam Godoy.

Um dos maiores encantos de Le Monde Bizarre - O Circo dos Horrores é que os contos tendem a fazer com que o leitor vire um espectador da plateia durante a leitura dos espetáculos narrados. A diagramação do livro com as ilustrações coloridas e sombrias é ótima, sendo possível visualizar cada cena e criatura apresentada pelas narrativas. Lembrou-me um trecho de uma música do Jay Vaquer, que diz: “Alguém sabe dizer o que é normal? Pode parecer tão natural!

Diário CT: Autores Fantásticos

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 27-02-2013

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Eu tive o prazer de comparecer à sessão de autógrafos do livro Autores Fantásticos no ano passado durante a Feira do Livro de Porto Alegre, em novembro. Apesar de ter me chamado a atenção na época, apenas agora parei para ler a coletânea de contos publicada pela Argonautas Editora.

A obra, que tem 164 páginas e 16 contos, homenageia escritores clássicos nascidos entre 1.797 e 1.947, aparecendo na lista brasileiros, americanos, britânicos, irlandês, russo, argentino, francês e escocês.

Em sua maioria, as histórias - contadas ora em 1ª e ora em 3ª pessoas - são curtas, bem ambientadas em questão de tempo e espaço, e algumas com mais fantasia e outras com mais tons de ficção científica.

A base dos contos é mostrar o escritor como personagem da narrativa, dialogando, em grande parte dos casos, com seus próprios personagens, fazendo a relação criador-criatura.

Percebe-se que alguns contos exigiram pesquisa, pois os autores se aprofundaram em detalhes da vida e da personalidade dos escritores, já outros são mais superficiais. Às vezes como protagonistas e outras como coadjuvantes, a presença dos mestres da escrita sempre está ali, com muitas analogias com suas criações.

Pelas histórias conhecemo uma mulher confusa, um escritor obcecado, um garoto curioso, um jornalista observador, um vampiro sedutor, um pirata inventado, um menino criativo, um jovem prisioneiro, um criador horrorizado, um detetive aposentado, uma estátua crítica, um cão humano, um suicida armado, um viajante maravilhado, um autor robô e uma criança leitora.

Os escritores homenageados são: Ambrose Bierce, Arthur C. Clarke, Bram Stoker, Clifford D. Simak, Dashiell Hammett, Edgar Allan Poe, H. P. Lovecraft, Isaac Asimov, João Simões Lopes Neto, Jorge Luis Borges, Jules Verne, Mary Shelley, Monteiro Lobato, Robert E. Howard, Robert Louis Stevenson e Stephen King.

São os autores dos contos: A. Z. Cordenonsi, Celly Borges, Cesar Alcázar, Christian David, Duda Falcão, Estevan Lutz, Fabiano Vianna, José Aguilar García, Ju Lund, Leo Carrion, Leon Nunes, Leonardo Colucci, Mário André Pacheco, Nikelen Witter, Simone Saueressig e Suzy M. Hekamiah.

O interessante dessa obra é o valor de referência. Eu não conhecia todos os escritores citados no livro, e isso fez com que minha curiosidade fosse despertada a conhecê-los, até mesmo para compreender melhor o conteúdo apresentado nos contos. Apesar de ser também uma questão particular de cada autor, ela foi socializada na obra, a fim de que os leitores possam entrar nos mundos criados pelos escritores clássicos de maneira diferente e prazerosa.

Diário CT: Duncan Garibaldi

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 24-02-2013

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Dois garotos veem uma menina morta e avistam o assassino. Assim começa a trama de Duncan Garibaldi e a Ordem dos Bandeirantes, livro de A. Z. Cordenonsi, publicado pela Editora Underworld. A obra de 236 páginas é dividida em 19 capítulos e, ao final, uma explanação do autor sobre sua pesquisa histórica.

A história se passa em Santa Maria, município da região central do Rio Grande do Sul. Lá, Duncan e Joaquim, dois amigos e colegas de escola, vivem aventuras que misturam humor e suspense.

Após presenciarem um assassinato nos trilhos do trem de uma estação que fica perto de suas casas, os dois ficam intrigados com o acontecido, principalmente ao constatarem que algo de sobrenatural envolveu a tal morte.

Com a aparição de um caçador e de uma fantasma, eles descobrem o que há por trás de tudo e começam sua jornada em busca de um artefato misterioso que pode salvar o mundo de criaturas malignas.

Com uma ótima ambientação e uma linguagem regional - de palavras e expressões típicas do Sul - a trama se revela também muito cultural, além de cheia de elementos de fantasia que são equilibrados com a verossimilhança que o autor trabalha ao longo da obra, nas questões de espaço e tempo.

Enigmas, fugas, intrigas, descobertas, medos, monstros, surpresas acontecem e se juntam em uma batalha final em que humanos e seres de outro mundo disputam a posse do diário de um naturalista, que acaba por revelar um grande segredo ao protagonista da obra, dando vazão para o segundo volume da série.

Cada capítulo começa com uma página preta e uma imagem de um trem, o que acaba ficando um pouco repetitivo, pois é a mesma imagem a cada abertura. A diagramação é simples, as páginas amareladas auxiliam a não forçar muito as vistas, e o texto final do livro, em que o autor conta suas pesquisas e influências para a composição da história, torna a narrativa mais encantadora ainda, pois pode-se perceber as relações feitas e o ótimo trabalho do escritor.

O livro Duncan Garibaldi e a Ordem dos Bandeirantes é uma ótima aventura de ficção juvenil, bem escrita, fundamentada e original. O clima e a maneira como a narrativa se desenrola envolvem o leitor, tornando a leitura ágil e em nenhum momento cansativa. Por fim, não considero uma trama muito complexa, e isso prova que não há essa necessidade para se ter uma história de qualidade.

Por dentro dA Biblioteca do Czar

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 23-02-2013

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A novidade de hoje vem da Editora Gutenberg, e é o seu lançamento A Biblioteca do Czar, o primeiro volume da série Red Luna, de Gabriel Morato e Marcos Inoue.

A trilogia fantástica conta a história de três raças de vampiros que lutam entre si enquanto se alimentam da humanidade: os sugadores de sangue Varnis, os drenadores de magia Devas e os devoradores de emoção Auras.

Com suas origens envoltas em mistério, o ódio e o medo uns dos outros só aumentaram ao longo dos séculos, atingindo os humanos no fogo cruzado.

Neste livro, conheça os Varnis, os milenares senhores secretos da humanidade. Vencedores da guerra travada contra os místicos Devas, os Varnis sobreviveram ao fim da Era da Magia alimentando-se de sangue humano, mas foram condenados a não poderem mais andar sob o sol.

Clique aqui para ler um capítulo do livro.

Diário CT: Fábulas do Tempo e da Eternidade

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 22-02-2013

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A coletânea Fábulas do Tempo e da Eternidade reúne 12 contos da escritora Cristina Lasaitis e foi publicada pela Tarja Editorial. A obra, composta por 206 páginas, tem narrativas em primeira e terceira pessoas, tramas simples e outras mais complexas, assim como textos curtos e outros maiores.

Na abertura de cada fábula há uma introdução, cujo eu-lírico nos intiga a uma reflexão, e não se sabe até onde ela é ficção ou realidade, assim como é difícil saber se ali quem escreve é a narradora ou a autora mesmo.

Os contos exploram vários assuntos amplos, sempre sob o ângulo do tempo: vida, morte, sentimentos, tecnologias, sociedade, religião, medicina e ciência.

Em sua maioria, são dramas, com diálogos interessantes, e que usam do pensamento filosófico e de ideias antropológicas para envolver o leitor. Os textos são críticos, ambientados em sua maioria no futuro e do gênero ficção científica.

Conhecemos os amantes Marcos e Maya, um poderoso imperador, estudiosos e índios, uma farmacêutica e um alquimista, a cientista Cláudia, uma mulher em busca do amor, os seres Alfa e Ômega, velhos intelectuais sem sucesso, os irmãos siameses Mani e Luri, a caçadora Cassandra e o anjo Asthariel, os amigos distantes Phyllis e Lucas, e a funcionária Syl.

Por meio de cenários bem desenvolvidos, como metacidades, impérios, desertos, laboratórios, metrópoles, cosmos, um café e uma corporação, temos relacionamentos virtuais, desejo por poder, o desconhecido, elixir da vida, teorias postas à prova, almas gêmeas, destino, filosofia, sobrevivência, transformação, correio através do tempo e inteligência artificial.

Com uma diagramação simples, uma bela capa e analogia ao relógio, em que cada conto equivale a uma hora, a obra Fábulas do Tempo e da Eternidade foi uma leitura diferente, que nos propõe a pensar, nos faz viajar pelo universo e pelo tempo, em situações fantásticas e algumas quase reais. Um livro que fala sobre limites e que instiga a nossa imaginação de diversas e prazerosas maneiras.

Diário CT: Protetores

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 20-02-2013

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O livro de Duda Falcão foi ótima surpresa. A obra Protetores, publicada pela Editora Underworld, tem 176 páginas e narra aventuras de um grupo de pessoas especiais na defesa do bem. Pelos seus 13 capítulos com títulos longos e um epílogo, o Rio Grande do Sul vira cenários para buscas, caçadas e batalhas.

A trama gira em torno de Vilemum, um homem misterioso que chama várias pessoas para integrar uma organização contra o mal chamada Protetores. Eles receberiam tarefas e teriam que enfrentar algumas criaturas das trevas.

Entre os seres fantásticos, temos fantasmas, demônios, vampiros, zumbis e lobisomens, que aparecem em casas, esgotos, montanhas, cemitérios e até mesmo em sonhos.

Cada novo protetor possui uma arma, um dom ou um conhecimento que utiliza nas tarefas que o líder lança a eles, e muito suspense envolve as aventuras vividas pelo grupo, que se torna unido em prol da proteção das pessoas e da natureza.

No desfecho, há uma espécie de “batalha”, onde o final não é completamente feliz, mas faz jus ao enredo e ao gênero do qual o livro se propõe a ser. A linguagem e o estilo de escrita do autor envolvem e não fantasiam muito os acontecimentos; apesar de sabermos de ser uma ficção, os elementos que estão ali tornam-as quase que verídicas, dando prazer e mais vontade de conhecer a história.

Destaco a mistura de personagens e criaturas que vão surgindo ao longo da trama, que permitem uma diversidade imaginária sem cair no senso comum. Outro ponto forte, na minha opinião, é o clima, sempre tenso e com ar de mistério, e de que a qualquer momento algo vai surpreender a todos, ocasionando medo e oferecendo provas de que no final nem sempre o bem tem que vencer o mal.

A diagramação do volume contém páginas negras e desenhos sombrios, que ajudam a instigar a leitura cheia de drama e suspense. Podemos dizer que é uma fantasia urbana, com muito horror e de alta qualidade. A narrativa é simples, porém muito bem construída, lembrando muitas vezes as partidas de RPG, pelos personagens e cenários que se apresentam ao leitor. O livro Protetores já está na minha lista de obras preferidas dentro do gênero de terror fantástico.

Diário CT: Angelus

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 17-02-2013

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Antologias são sempre legais para ver as diversas visões de escritores sobre um mesmo tema. No livro Angelus - histórias fantásticas de anjos, organizado Eduardo Bonito e Georgette Silen pela Editora Literata, não é diferente, e os anjos são apresentados das mais variadas maneiras.

A obra, que conta com prefácio do escritor Márson Alquati, tem 188 páginas e 20 contos, narrados na maioria em 3ª pessoa. As histórias, que são curtas e não ultrapassam sete páginas, têm em sua maioria os anjos como coadjuvantes, e não sendo protagonistas.

Os personagens humanos são crianças, mulheres e homens, em diferentes situações que sempre acabam no contato com as criaturas angelicais, às vezes de forma leve, em outras mais pesadas.

Inevitavelmente aparecem algumas criaturas como demônios, na eterna luta do bem contra o mal, e os enredos são ambientados em no passado, no presente e no futuro.

Apesar de todas as 20 narrativas serem sobre anjos, o foco não é o mesmo, então a leitura não se torna cansativa, porém foram poucos os autores que fugiram de contar o senso comum. Entre aventuras, dramas e suspenses, algumas tramas se destacam por inovar, como uma que propõe um apocalipse angelical e outra que inclui uma viagem interplanetária dos seres.

Descobertas, revelações, confusões, medos, desejos, encontros, crenças, mortes, surpresas, mistérios, julgamentos, transformações e missões fazem parte das histórias criadas e recriadas na antologia. Acredito que, como sendo textos curtos, não há mesmo muita oportunidade de envolvimento do leitor com eles, mas muitos contos passaram tão rápidos que pouco me fizeram efeito.

São os autores do contos da obra: Alex Bastos, Bruno Anselmi Matangrano, Ceres Marcon, Cristiano Rosa, Danilo Souza Pelloso, Fabian Balbinot, Georgette Silen, Inês Montenegro, Jaqueline Tronin, João Rogaciano, Joe de Lima, Lucas Lourenço, Luís Fabrício Mendes, Ramon Giraldi, Roberta Spindler, Rodolfo Santos, Sheilla Liz, Suzy M. Hekamiah, Tatiana Ruiz e Valentina Silva Ferreira.

O livro tem uma capa linda, que realmente chama a atenção pela ilustração. A diagramação também está ótima, com uma imagem para cada conto, e as páginas amareladas mais grossas ajudam a fazer a diferença. Com certeza uma obra de destaque, mas a qualidade gráfica se sobressai da literária, com suas exceções.

Diário CT: A Fada

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 15-02-2013

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Eu sempre acreditei que cada livro tem o seu momento para ser lido. Conheço A Fada desde o lançamento de sua primeira edição; anos depois comprei um exemplar direto com a autora, que veio com uma linda dedicatória, e desde então o guardei, esperando sua vez para leitura. Essa hora chegou, e foi muito bem-vinda.

A obra de Carolina Munhóz tem 224 páginas e 25 capítulos, na versão publicada pela Editora Novo Século. A história narra 12 dias - 10 deles consecutivos - da vida de Melaine Aine, que se descobre fada no seu aniversário de 18 anos.

Na mesma data, ela é abandonada pela mãe, perde seu pai e ganha uma tatuagem. Muitos mistérios têm de ser descobertos pela protagonista, que agora se vê sozinha em um mundo novo.

Narrada em 1ª pessoa, a trama se passa em Londres, com ótimas referências geográficas. Em uma floresta, Mel também passeia pela Dimensão das Fadas, onde descobre que sua mãe é a Rainha desses seres mágicos, e ela, uma princesa.

De 23 de novembro a 31 de outubro, a personagem principal conhece Patrick, um menino misterioso e que a desenha numa praça; e Arthur, rapaz pelo qual ela se apaixona e mais tarde descobre ser um descendente de uma família bruxa. O romance dos dois os fazem amadurecer, se descobrirem. O enredo que se fixa muito no drama também mescla com romance e suspense.

A narrativa da autora é cativante, percebe-se que ela colocou muito sentimento na escrita, que se assemelha a um diário pela linguagem e estrutura, que envolve e por vezes dialoga com o leitor. As ilustrações a cada nova data também são lindas, encantando ainda mais o texto, que toca a alma de quem lê.

Aos poucos Mel conhece melhor seu mundo, que também é habitado por anjos, duendes, elfos, gnomos e vampiros, além de fadas e bruxas, e busca por sua missão. Após cumpri-la, ela ficaria de vez no universo mágico e governaria o Reino das Fadas, tendo de deixar de lado todo o resto. Com a companhia de Arthur, ambos descobrem o amor, brigam, duelam e se amam.

É possível perceber referências a Harry Potter no uso da fantasia e de elementos do gênero. Não que isso seja ruim ou perca na originalidade, mas só transparece as influências da escritora, que também usa muito de suas experiências de vida na obra, o que acaba a deixando um tanto particular. Os acontecimentos ocorrem com rapidez, não há muita enrolação, e as reviravoltas chamam a atenção do leitor.

Não posso afirmar que a leitura de A Fada foi uma surpresa, pois eu já esperava uma trama cheia de magia. Destaco a diagramação do livro, com letras pouco maiores que as convencionais, que facilitam na hora de ler. O desfecho é inesperado, recuperando alguns fatos do início da história. A obra é toda em um tom leve, juvenil, com uma mensagem ao fundo sobre o amor e o ato de acreditar.

Diário CT: Leia-me

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 13-02-2013

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O livro Leia-me - Quando começado… deve ser terminado foi uma leitura intensa e interessante em vários aspectos. De autoria do jovem escritor Rodolpho P. Wraider e publicado pela Editora Baraúna, a obra de 196 páginas é dividida em 13 capítulos e um epílogo, contando uma aventura cheia de suspense e terror.

A história gira em torno de Willian Shautter, neto de um conde que vai para a mansão do avô passar seus dias de folga. O lugar fica no meio de uma floresta, e lá ele descobre um misterioso livro escrito em hebraico.

O conde comenta com o neto sobre o volume e diz que o comprou em um leilão, e logo recebeu a visita de um padre advertindo que aquele exemplar era amaldiçoado, e que ele não deveria ler.

Mas assim como a curiosidade do avô não foi contida, William começa a ler o livro após o sumiço do velho. Ele entra em um labirinto no quintal da casa e lá se perde nas leituras dos contos que o livro acaba revelando.

A escrita hebraica acaba se traduzindo aos olhos do personagem, apresentando uma realidade paralela. Os enredos das histórias envolvem mortes, pesadelos, sangue, medos, espíritos, demônios e bruxas que, entre outros, saem do livro e aparecem para o jovem leitor, que perde o senso de realidade.

Ao mesmo tempo que esses contos envolvem e prendem o protagonista, têm o mesmo resultado sobre quem está lendo a obra, efeito surtido pela presença narrativa de cada um dos oito contos do livro sombrio. Porém William só consegue ler sete deles, sendo o último lido por sua irmã, chamada por meio de uma mensagem no celular, pedindo ajuda e falando que fatos estranhos estavam acontecendo lá.

Ao longo das leituras, estas são interceptadas por alguns personagens dos contos que são lidos, e o jovem não demora a descobrir que cada vez que lê uma história, liberta criaturas malignas das páginas do livro. Mas algo mais forte que ele o faz não parar de ler, tornando aquilo uma ação regada à agonia, sofrimento e terror.

A obra de Rodolpho P. Wraider é bem escrita, tem uma capa simples, onde o título chama mais atenção do que o design, e possui uma diagramação sem muitos detalhes, apenas os trechos em itálicos que correspondem aos contos que são lidos pelo protagonista. Um livro muito bom dentro do gênero do suspense/terror.

Diário CT: Enganos Mortais

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 10-02-2013

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No livro Enganos Mortais, do jovem Jeferson Menegazzo, nos aventuramos por 12 dias consecutivos na vida de pessoas nobres de Londres, detetives e assassinos. A ficção policial publicada pela Editora Multifoco tem 47 capítulos e 210 páginas, uma linguagem simples, que deixa a leitura ágil e não cansativa.

A obra gira em tornos de várias mortes que ocorrem ao longo da história, e o trabalho de alguns investigadores a fim de desvendar quem é o culpado por elas. Um verdadeiro quebra-cabeça é apresentado ao leitor pelas páginas do volume.

O mistério sobre os fatos aumenta a cada dia que passa, por meio de tramas paralelas, que vão se cruzando aos poucos, e resultam em revelações e reviravoltas que surpreendem quem lê.

Dinheiro, mentiras, dúvidas, perigos, descobertas, segredos, sofrimentos e tragédias envolvem os assassinatos - alguns ficam apenas nas tentativas - e as investigações. Um clima dos romances de Ágatha Christie é bem perceptível.

Entre os dias 21 de novembro e 1º de dezembro muitas coisas acontecem, principalmente no casarão Green Mansion. Pessoas de poder e influência em situações incomuns, medos e surpresas. Há até mesmo duas plantas da mansão para que o leitor possa visualizar melhor cada espaço onde acontecem as principais cenas da trama, que envolve, mas sem conquistar muito.

No desfecho, a investigação concluiu que a responsável por tudo é a Morte. Sim, um personagem que se fantasia de Morte é que ataca e mata os outros, sejam envenenados, atropelados ou por outros meios. As respostas surgem antes dos últimos capítulos, e são reveladas em doses pequenas, pois há muita coisa interligada envolvendo as mortes.

Alguns coadjuvantes são esquecidos ao longo do enredo, porém os que se destacam, têm papel importante até o final do livro. Pela leitura rápida, quase não dá tempo de indicar palpites para quem é o assassino, porém isso não é um defeito da obra, pois é justamente o que prende quem a lê na trama.

A obra Enganos Mortais tem seus problemas, alguns equívocos que uma boa revisão resolveria. As ações instigam o leitor e o leva a descobrir, juntos com os personagens, o que um desde o começo já sabe e esconde de todos - e está aí algo bem interessante do thriller. Para uma produção adolescente que surgiu de um conto para a escola, o volume está muito bom, agrada dentro do que se propõe.

Diário CT: Doce Vampira

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 08-02-2013

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Uma aventura romântica regada de fantasia e mistérios. Assim é a trama de Doce Vampira, livro de Ju Lund publicado recentemente pela Editora Ornitorrinco. A obra de 210 página é dividida em um prólogo e 20 capítulos, narrando em 1ª pessoa momento intensos da vida de Duda, uma jovem superprotegida pelos pais.

Ambientado em um mundo onde humanos e vampiros convivem, a protagonista conhece uma colega nova na escola, Ester - uma vampira -, e elas se apaixonam. Porém como toda relação homoafetiva, elas enfrentam preconceitos.

Assim que Duda completa 18 anos, foge para morar com sua amada, e vão para a mansão dos criadores dela. O que era para ser provisório acaba sendo por definitivo, e isso incomoda a humana.

Ester explica que para viverem bem, as duas precisariam ser vampiras, e isso desconforta Duda. Em um momento de confusão, ela recusa virar uma criatura noturna e volta para casa, onde seus pais a recebem com atenção e carinho.

Porém nem tudo está tão bem quanto parece. A saudade bate e a depressão começa, fazendo com que a jovem comece a tomar remédios e mais remédios. Sentindo-se estranha, e com a ajuda de uma professora, descobre que há um grupo anti-vampiros que está manipulando seus pais e a medicando. Transtornada, volta para a casa de Ester, porém a família toda não está mais lá.

Começa então uma busca pelo amor da vida de Duda, envolvendo ciúmes, segredos, perturbações, medos e viagens. Ela é capturada pelo tal grupo e afastada de vez do mundo dos vampiros. Nessa altura do enredo, a agonia da personagem passa para o leitor, pois a descrição é tão intensa que a dor e o desespero da protagonista chegam a sair do livro.

Confesso que antes de começar a ler a história, imaginei que seria um romance pesado, com pouca aventura e envolvimento. Mas não, a escrita de Ju Lund atrai e a estruturação do texto, com flashbacks e um dos capítulos sendo narrados pela Ester, oferece ação, drama, suspense e ainda sugere reflexão.

Com uma capa simples e bela, e uma diagramação com detalhes no início de cada capítulo, a obra faz quem a lê mergulhar em um universo onde o sobrenatural anda lado a lado com o romance e, juntos, oferecem bons momentos de prazer durante a leitura. Sendo uma narrativa que surpreende mesmo quem espera muito dela, Doce Vampira conquista e ensina muito sobre o amor de um jeito mágico e único.

Diário CT: Erick Turow - As gêmeas e o persuasor

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 06-02-2013

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O livro Erick Turow - As gêmeas e o persuasor dá continuidade a Erick Turow e os anjos da vida e da morte, do escritor Italo Anderson Poscai, publicados pela Editora Multifoco. A obra apresenta 23 capítulos pelas 162 páginas, em que narra sobre o jovem que se descobre filho de Deus.

O protagonista, agora com 21 anos, evoluiu, mas continua ouvindo vozes que surgem de todo lado e de vários planetas. Ainda conversando com Deus e atraindo problemas, ele e sua família se mudam na esperança de iniciar uma vida nova.

Um sequestro de uma das filhas gêmeas dos novos vizinhos o atordoa, pois ele viu ela sendo levada e ouviu seus pensamentos pedindo ajuda. Ele decide, então, investigar o caso para poder auxiliar no resgate da menina.

Com alguns novos elementos e personagens, a trama está mais sombria, intensa e complexa, ao mesmo tempo que tem mais romance e drama se comparada ao primeiro livro.

Enquanto na cidade do interior Erick e seu pai abrem um negócio próprio de publicidade, o jovem tem contato com uma alma penada, o persuasor, que invade sua mente a fim de atormentá-lo e resgatar as almas destruídas do inferno. Porém, percebe-se pouco amadurecimento do personagem ao longo do livro.

Muitas vozes entram na cabeça do protagonista, na maioria das vezes durante seu sono, que chegam até a confundir um pouco o leitor na interpretação de cada fala e pensamento. A religião não é tão focada como no outro volume, dando mais espaço ao enredo que se enriqueceu com a nova história.

Apenas acredito que o desfecho da obra poderia ser mais redondo, pois deixa muitas aberturas às complicações apresentadas ao leitor desde seu início. Mesmo sendo o segundo de uma série, algumas coisas poderiam ser solucionadas para que o foco permanecesse na trajetória de Erick, e não nas ações coadjuvantes.

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