Ninguém pensa do mesmo modo. Por mais parecidas que as pessoas sejam, por mais que elas se identifiquem uma com a outra, nunca vão partilhar toda e cada linha de raciocínio. Não. Faz parte da magia do mundo real termos mentes diferentes, que enxergam a vida e seus acontecimentos particulares de maneira diversa. Seria extremamente entediante e pouco produtivo se todos fôssemos iguais e vivêssemos do mesmo jeito, cotidiano repetitivo e verdadeiramente sem graça. Estamos aqui para discordar, para buscar uma inovação diária, para fazer o mundo evoluir com a realização dos vários ‘e se…‘ que povoam nossos pensamentos.
Exatamente por isso que a discriminação e o preconceito são completamente irracionais e despropositados. São justamente as diferenças que torna cada um de nós especial, notável e capaz de mexer com a realidade. São, eu sei, as semelhanças que nos aproximam, e talvez essa seja a justificativa para as termos, mas isso não quer dizer que as divergências nos distanciem. Não deveriam, na verdade, em nenhum aspecto, seja ele físico ou ideológico. Exigir respeito e consideração alheia, entretanto, não funciona. Tais atitudes precisam partir de nós mesmos, porque esperar acontecer é uma acomodação perigosa e as leis não garantem a realidade.
Assim, entender que o outro não tem obrigação de pensar, agir ou ser como você é o primeiro passo. Ao contrário, ideias variadas aumentam as possibilidades e, muitas vezes, aquilo que falta em você pode sobrar em outrem, e as qualidades unidas geram um resultado positivo. Não é difícil perceber algo assim no dia-a-dia, muito menos nos livros de fantasia. Ora, cada Cullen tem uma personalidade, um dom, uma perspectiva diferente do mundo. Cada um deles foi importante para manter a condição deles em sigilo e a família unida durante toda a existência deles, narrada ou não.
Se não fosse por Harry, Rony e Hermione serem tão diferentes, pensarem diferentes e se destacarem em aspectos diferentes, nenhum dos três teria sobrevivido a tudo o que passaram. Talvez a primeira grande aventura deles seja a melhor demonstração disso. Uma série de obstáculos, onde cada um foi decisivo de um jeito diverso. Se não fosse Rony e sua habilidade com Xadrez Bruxo, eles teriam sobrevivido ao ataque de peças de pedra previamente encantadas? Ou se não fosse a perspicácia de Hermione, teriam passado vivos e ilesos por todas aquelas poções? Ou se não fosse a habilidade de Harry em voar, teriam conseguido a chave entre todas as opções voadoras? Perguntas retóricas, resposta simples e única.
Percy também não conseguiu tudo sozinho, nem Lief, nem qualquer outro herói da fantasia. Porque não há pessoas perfeitas, logo, impossível que alguém, sozinho, consiga reunir todas as qualidades necessárias para vencer aquilo a que se propuser. Capacidade de tentar, todos possuem, mas conseguir envolve uma série de outros aspectos. E as pessoas são um fator importante. Então, procurar amigos, pessoas com as quais se relacionar, que sejam totalmente iguais a você é, além de um desperdício de tempo, já que vai ser impossível encontrar, uma desvalorização do que é diferente e, consequentemente, uma perda de novas situações que poderiam conduzir sua vida por uma estrada melhor. É como jogar no lixo uma série de possibilidades desconhecidas.
O que quero dizer não envolve incentivar o relacionamento com pessoas completamente opostas, com uma série de atitudes que não se quer para a própria vida, claro que não. É, pois, uma tentativa de mostrar que devemos valorizar até mesmo o que não apreciamos muito nos nossos amigos. Porque, talvez, inconscientemente, tenhamos os escolhido exatamente por isso. Porque encontramos algo diferente, uma visão das coisas que não temos e que, de algum jeito, em um futuro próximo ou distante, irá nos enriquecer. Basicamente, é a escolha entre um mundo colorido ou um mundo monocromático.
E uma cor só enjoa.