Diário CT: Morgan: o único

Escrito por Cristiano Rosa | Listado em Diário CT | Publicado em 13-01-2012

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E a pergunta: por que o título de “o único”? Lendo Morgan: o único, de Douglas Eralldo, lançado em maio ano passado pela Editora Literata, podemos descobrir essa resposta. O livro tem uma boa diagramação e possui uma capa simples, porém instigante. A imagem do protagonista desperta no leitor a curiosidade de saber como tudo começou, se desenrolou e terminou. Se é que terminou.

Na história, Morgan é um jovem gaúcho de 28 anos que morre acidentalmente ao fazer uma curva em S com seu fusca abacate. Sete dias depois de seu enterro, ele ressussita em forma de zumbi e sobrevive como um morto-vivo, passando por aventuras que envolvem fugas, lutas e alimentações nada agradáveis a qualquer ser humano.

A narração do livro é em primeira pessoa, e o protagonista mantém um certo diálogo com o leitor, aproximando-o ao seu mundo. As descrições do zumbi são tão convincentes que o leitor pode visualizar tranquilamente as cenas e sentir o odor das carnes podres que ele conta que tem e vê.

A primeira vítima de Morgan na busca por comida - e aqui comida lê-se “cérebros” - foi seu próprio cachorro, Jagunço. Saindo do cemitério, em meio a uma floresta, ele se alimentou também de um veado, vacas, até chegar a um parque com alguns jovens, que acabaram por serem atacados pelo nosso zumbi.

A aventura da personagem para sobreviver à sua condição de “vida” está ligada boa parte da trama com a preocupação com uma moça a qual ele gostava: Rebeca. Chegando na cidade depois de muito andar, comer e fugir, ele vai à casa dela, mas não consegue matá-la. Ela se assusta e o denuncia, e logo todos na cidade ficam sabendo do seu caso.

Tudo muda quando Morgan percebe que o cão vira zumbi, a vaca vira zumbi, e as pessoas que ele comeu os seus cérebros viram zumbis, e que forma-se uma verdadeira cadeia alimentar onde ele mora e passou. O desepero dos habitantes, a preocupação dos policiais, as famílias deixando a cidade, tudo produz pensamentos nele.

Os 32 capítulos curtos aos longo das 160 páginas do livro facilitam em uma leitura ágil e prazerosa, que oferece entretenimento, apresenta o mundo dos zumbis de uma forma curiosa e divertida, e faz com que todos tenhamos uma outra visão sobre o morto-vivo. Porque Morgan sente e pensa, apesar de agir um pouco por instito de sobrevivência, ele simplesmente é… único.

O início da obra ambienta o leitor no mundo da personagem, depois envolve-o na trama de fuga dos caçadores e pela busca por sua amada. No desfecho, nem tudo termina. Algumas reflexões são lançadas e nos fazem perceber muitas coisas que, acima de tudo, somente um pouco de fantasia e ficção para nos fazer parar e perceber o que somos e onde vivemos.

O livro Morgan: o único é para todas as idades. Não é uma história assustadora, mas prende o leitor à curiosidade pela trama e conquista-o a medida que lê os relatos do morto-vivo. O autor consegue manter um diálogo do texto com quem o lê, o que traz certo diferencial nos livros em primeira pessoa. Ser único não é não ser igual aos outros, mas sobreviver a tudo mesmo quando não se tem nada.

Comentários (3)

Me lembrou muito Sangue Quente o_o

Oi Priscilla, Talvez algumas semelhanças, mas com personagens pra lá de distintos… principalmente em seus aspectos físicos e a na possibilidade de concretizar o amor…

Bela resenha amigo!!!Livro mais que recomendado!!!

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