Ana Lúcia Merege

Nome completo: Ana Lúcia Merege Correia
Idade: 42 anos
Formação: Bibliotecária e Mestre em Ciência da Informação
Cidade/Estado: Nasceu no Rio de Janeiro, agora vivo em Niterói - RJ

1. Desde que idade você tem o hábito da leitura?
Desde sempre! Aprendi a ler com uns 4 anos e fui devorando tudo que via pela frente. Ajudou muito o fato de ter em casa uma boa biblioteca, o estímulo de pais, irmãos e avós, principalmente um maravilhoso avô contador de histórias.

2. Quais são as suas 3 sagas fantásticas literárias preferidas e por quê?
“As Brumas de Avalon”, de Marion Zimmer Bradley, porque descortinou a possibilidade de criar um universo (ou organizar o que já tinha na minha cabeça) e escrever histórias dentro dele; “O Senhor dos Anéis”, que é realmente fabuloso em termos de construção de universo, tem uma escrita fantástica; e (sorriam) uma em quadrinhos, “Elfquest”, de Wendy e Richard Pini, que me inspirou muito na criação das tribos élficas de Athelgard. Posso citar também a série de Lloyd Alexander das “Crônicas de Prydain” (O Caldeirão Mágico e outros 4 livros) e, embora seja uma leitura mais tardia, já dos meus 30 anos, a série “Earthsea” de Ursula K. le Guin (a Escola de Artes Mágicas que aprece no “Castelo das Águias” tirou alguma inspiração de Roke). Meu livro de fantasia predileto, porém, é “A História Sem Fim”, de Michael Ende, que não é parte de uma saga. E, claro, li muita literatura maravilhosa tradicional, contos de fadas, mitologia de vários países…

3. Em sua opinião, o que essa literatura acrescenta a você e aos seus leitores?
Em seu ensaio sobre contos de fadas, Tolkien afirmou que a literatura fantástica abre uma porta para a visão, para a liberdade de espírito – uma possibilidade de você transcender sua condição terrena, que por vezes é penosa ou entediante. Isso não deve ser confundido com escapismo; o que acontece é que por meio desse tipo de literatura, identificando-se com seus heróis e vivendo suas sagas, você faz contato com forças poderosas que tem dentro de si, com aspectos mais elevados de sua personalidade, e mesmo sem perceber trabalha para se superar e consequentemente para mudar um pouco o mundo aqui de fora. Enfim, é uma literatura inspiradora – sem esquecer o fato de que a gente se emociona e se diverte com ela!

4. Que publicações você já tem?
Publiquei em algumas antologias: “Imaginários 1”, da Draco (por sinal o conto é uma prequel da história do Castelo), “Histórias Fantásticas 1”, “Paradigmas 4”, “Dimensões BR”, “Extraneus 2” e também publicações em sites como o “Contos Fantásticos”. Este ano sairão mais algumas. Também publico artigos de divulgação e recontos em revistas como a Ciência Hoje das Crianças.
Agora, meus livros solo: a novela “O Jogo do Equilíbrio”, autopublicada em 2005, o romance “O Caçador” (Franco, 2009), o ensaio “Os Contos de Fadas: origens, história e permanência no mundo moderno” (Claridade, 2010) e, claro, “O Castelo das Águias”, em 2011, pela Editora Draco.

5. Como e quando surgiu a idéia de escrever “O Castelo das Águias”?
Foi aos pouquinhos. Athelgard é um universo antigo que começou a ser construído no início de década de 1990, só que eu escrevia principalmente histórias de tribos élficas e de cavaleiros, passadas lá no norte (olhando o mapa, no livro ou no meu blog, dá pra ver que o norte é mais detalhado que as Terras Férteis). Depois surgiu Cyprien de Pwilrie, o saltimbanco que é herói de “O Jogo do Equilíbrio”. Foi numa história dele (que não saiu do rascunho) que apareceu a Escola de Artes Mágicas. Isso lá por 1996, 97.
Já a Anna de Bryke, narradora do Castelo, apareceu como uma contadora de histórias que saiu de uma tribo élfica (mesmo sendo quase humana). Numa das histórias ela ia para um castelo (em princípio seria no norte) e se apaixonava por seu guardião, que era também um mago. Mais tarde, a convite de amigos, eu escrevi algumas fanfics no universo de Harry Potter, e isso me fez ter vontade de retomar minha Escola de Magia, embora ela fosse bem diferente de Hogwarts, misturando magos e artistas e usando o conceito de Magia da Forma e Pensamento que existe em algumas tradições mágicas, como a Teosofia.
Então, em 2005, comecei a escrever histórias sobre Rydel, o elfo que é mestre de Ciências da Terra (uma delas está no blog do Castelo, chama-se “Temporada das Flores”) e logo depois levei pra lá a Anna de Bryke e o mago-guardião, que a princípio ia se chamar Maeloc e acabou se chamando Kieran. Os dois rapidamente se tornaram os personagens principais. E aí fui desenvolvendo todo o resto.

6. Qual seu personagem preferido na obra? Por quê?
Tenho que dizer que é Anna de Bryke. Não escondo que ela é meu alter-ego: uma pessoa curiosa, gregária, que adora ouvir e contar histórias e que tem uma personalidade tão conciliadora que às vezes é confundida com passividade. Mas é justamente com jogo de cintura, colocando-se no lugar do outro, cedendo nas pequenas coisas e, principalmente, usando o dom da palavra que ela vai conseguindo se posicionar dentro do Castelo e da cidade de Vrindavahn. Não sei se isso fica claro no primeiro livro, onde a Anna é quase adolescente e deixou sua floresta pela primeira vez – e, ainda por cima, se apaixonou pelo Kieran, que tem uma personalidade bem mais forte. Suponho, por isso, que seja ele o preferido da maioria dos leitores (e leitoras).
Mas, assim como “O Caçador”, esse livro tem algo de romance de formação. Anna é uma pessoa que começa jovem e vai crescendo aos poucos, aprendendo com os próprios erros. Vocês verão como ela vai estar diferente no próximo livro da saga!

7. Quais foram os desafios e o que mais te agradou na escrita de “O Castelo das Águias”?
O meu maior desafio foi o trabalho de reescrita de boa parte do livro, orientado pelo meu editor, Erick Santos. A primeira versão tinha saído em três meses de escrita contínua, com uma história que até ficou fechadinha, mas que não se preocupou com questões de conflito narrativo, excesso de informações (ou falta dela), certas reações não-condizentes com os personagens… O Erick identificou essas coisas, inclusive o fato de que o livro não era de aventura, como eu supunha, e sim um romance, centrado no relacionamento entre a Anna e o Kieran. A partir disso eu reescrevi muita coisa, surgiram cenas que não existiam antes, outras foram limadas, enfim, o livro ficou mais bem-escrito sem que a ideia original houvesse mudado.
Quanto ao que mais me agradou, foi exatamente… Tudo! O fato de escrever, de pôr minhas ideias no papel, de ver aquilo tomar forma e depois partilhar com meus amigos… Agora é um prazer quando pessoas que conheço pouco – e já começam a surgir as que realmente não conheço – tecem comentários sobre o livro, os personagens e o universo. Algumas fazem críticas que estou absorvendo e certamente levarei em consideração da próxima vez. Nunca cresci tanto como escritora do que do início de 2010 pra cá – essa é a verdade.

8. Quais são os seus projetos atuais?
Eu me comprometi a participar de algumas antologias, estou trabalhando nisso ao mesmo tempo que escrevo para a Estante Mágica (meu blog pessoal) e o blog do Castelo das Águias. No segundo semestre do ano pretendo tocar três projetos, dois de livros para um público mais novo e um de uma novela de suspense que planejo escrever em parceria com uma amiga. Em setembro deve sair também um livro meu pela Editora Escrita Fina, um infantojuvenil chamado “Pão e Arte”, que retoma o personagem Cyprien de Pwilrie. E no ano que vem quero trabalhar firme na continuação do Castelo das Águias – felizmente já tem bastante gente me pedindo isso, sinal de que querem lê-la!

9. Uma mensagem aos leitores do blog CT:
Quero dizer apenas que fico feliz por tanta gente se interessar por Literatura Fantástica. Há universos e universos a explorar, dentro e fora do nosso, muita coisa a descobrir, tanto para leitores quanto para escritores. E para quem pensa em publicar – não desanimem diante da primeira dificuldade! Leiam bastante, aprimorem sua escrita, façam disso um exercício diário além de uma profissão de fé. Há muitas histórias dentro de cada um de nós e todas merecem ser contadas. Então, mãos à obra. Ah! Nesse mesmo espírito, aproveito para avisar que, se alguém curtir o universo do Castelo das Águias e quiser escrever um conto dentro dele, entre em contato comigo. Se o texto for escrito dentro de certas regras, ficarei mais que feliz em publicá-lo no blog do Castelo.

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