Escrever novas aventuras sobre um personagem de outro autor, e principalmente tão famoso, não é uma tarefa fácil. Mas Andrew Lane topou o desafiou e a responsabilidade de trazer sua versão de como seria a infância do investigador mais famoso do mundo, Sherlock Holmes. “Nuvem da Morte” primeiro volume de sua série intitulada “O Jovem Sherlock Holmes” chegou recentemente ao Brasil pela Ed. Intrínseca.
Logicamente, conheço Sherlock Holmes, mas confesso nunca ter tido curiosidade em ler algo sobre o personagem. “O Jovem Sherlock Holmes” instigou meu interesse em conhecer mais detalhes sobre o mesmo, e a proposta do autor Andrew Lane de contar como foi o inicio da vida de Sherlock neste meio dos mistérios, algo que outrora não conhecíamos já que ele nos foi apresentado em sua fase adulta, me chamou muita atenção.
Sherlock Holmes foi criado originalmente pelo autor britânico Arthur Conan Doyle no final do século XIX e início do século XX, e sua primeira aparição foi no livro Um Estudo em Vermelho (A Study in Scarlet), publicado em 1887. Logo depois podemos encontrar por volta de mais 60 romances protagonizados por Sherlock, somente de autoria de Conan Doyle, sem contar diversos autores que trouxeram sua versão do personagem.
“Ele [Conan Doyle] entendia Sherlock de dentro para fora, enquanto os demais autores, em sua maioria, apenas tentavam copiar a aparência do personagem” diz Andrew Lane quanto às adaptações. A frase do autor expressa muito bem o principal erro das adaptações do personagem, assim como em outras obras, e achei fantástico que mesmo assumindo isso o autor tope o desafio de construir uma parte desconhecida de Sherlock.
Na trama o garoto se vê de repente diante de um grande mistério, repleto de aventuras e perigos. Com mortes misteriosas, onde os cadáveres são encontrados com os corpos cobertos de pústulas. De cara vemos que o jovem Sherlock não poderia ser diferente, apesar de apenas 14 anos, ele não mede esforço para descobrir tudo que se esconde por traz destas mortes, e ainda mostra por diversas vezes sua inteligência para investigação.
É impossível não se envolver com a narrativa da história, destacando como a trama é convincente em seus acontecimentos. Onde o vilão pega sim o mocinho e onde o mocinho não escapa tão fácil assim, somos poupados de “milagres” que fazem do protagonista herói, e embarcamos em uma história onde as cenas de perigos são de tirar o fôlego, e o virar das páginas se tornam incessantes.
Sobre a história, em suma temos um começo que parece ser fraco, mas que toma um rumo imprevisível do meio para o fim do livro, em certos momentos pensei até que iria me decepcionar com a história, mas estava completamente enganado.
Falar sobre o tratamento que o autor deu para o personagem tão famoso é uma tarefa que só renderiam elogios de minha parte, sua série ainda tem muito a nos mostrar sobre o amadurecimento de Sherlock. Mas só conhecendo melhor o personagem original de Arthur Conan Doyle para dizer que Andrew cumpriu sua tarefa com excelência, algo que sem dúvida me instigou muito ao concluir a leitura deste maravilhoso primeiro volume.